De tão bela, era chamada de princesa. Parava multidões nas ruas para admirar sua beleza. Os cabelos, enormes, lhe caiam no corpo como seda, claros, de tom castanho e mechas naturalmente loiras. O rosto angelical não possuía um único sinal, marca, falha, cravos ou espinhas, como era comum em sua idade. Dona de lábios delicados, sorriso meigo, doce, os olhos cor de mel, inevitavelmente tristes, destacavam sua pele, que a cada dia se tornava mais corada, bonita, viva.
Além da beleza física, possuía uma alma pura, inocente, sem malícia alguma. Não desejava nada além do comum. Acordava cedo todas as manhãs, tomava um belo café, se vestia esplendorosamente bem, calçava sapatos de couro e meias de lã, arruma os cabelos sem dificuldade alguma, chamava sua acompanhante, saía às ruas, causando inveja alucinante nas outras, e desejo ardentes nos rapazes.
Seu nome era Ana, Ana Luz. Cheia de vida, de fulgor. Seu brilho cintilava como raio de sol ardente. Ignorava os rapazes mais atrevidos, preferindo os mais tranqüilos, com quem trocava olhares apaixonados. Procurava com avidez um homem capaz de lhe deixar louca de amores. Ia a todas as festas, linda, deslumbrante. Seus olhos percorriam todo o salão em busca de alguém com quem pudesse viver uma história de amor. Casar, ter filhos, talvez. Mas não o encontrava. Por isso essa tristeza no olhar, por isso essa dor estranha que invadia sua alma.
Porém, numa bela manhã, algo diferente aconteceu. Ana acordou um pouco tarde, passara a noite anterior perdida em sua biblioteca, deleitando-se em livros. O despertador apitava às 6 horas, mas dessa vez, ele marcava 10. Então, correu ao banheiro e se arrumou. Tinha um encontro marcado às 14h, queria almoçar bem, estar corada. Quem sabe não seria esse o seu príncipe encantado?
No ultimo fim de semana, trocara olhares com um rapaz que lhe chamara para dançar, e logo depois, marcaram de se ver. Almoçou, banhou-se com rosas perfumadas, vestiu-se elegantemente bem, e saiu, às 14 em ponto.
A praça estava vazia, nem um ruído. Talvez seu futuro príncipe esquecera do combinado, afinal, já haviam se passados 7 dias. Sentou num banco, desolada. Baixou a cabeça, os olhos já estavam encharcados de lágrimas que insistiam em descer. De repente, um cheiro bom, diferente. Não eram flores, era ele. Abraçou-o demoradamente, com tranqüilidade, e suas narinas aspiravam aquele delicioso aroma.
De repente, ouviu um estalo. Ele acabara de beijar-lhe o rosto, mas seus olhos pediam mais, pediam algo mais profundo. Ficaram mais perto, não trocaram uma única palavra. Não era preciso. Os olhares já diziam tudo. Era chegada a hora. O primeiro beijo de Ana Luz aconteceria ali, numa paisagem tão bonita, num lugar tão abençoado. Sentiu seu coração acelerar, sua respiração ficou ofegante, os lábios já estavam colados. Naquele momento se iniciava um lindo, intenso e avassalador beijo. Um beijo apaixonado.
Por: Ana Victória Boa Sorte!
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